21/07/2025 08:26:00

Podia ser só meta de ESG, mas a Heineken transformou em negócio que fatura R$ 265 mi

Marcas de impacto como Praya, Mamba Water e Baer-Mate puxam unidade de negócio atrelada ao ESG, mas empresa avança em circularidade, reflorestamento e energia

Podia ser só meta de ESG, mas a Heineken transformou em negócio que fatura R$ 265 mi - Notícias - Mato Grosso digital

As marcas Praya, Mamba Water e Baer-Mate estão puxando o crescimento de uma unidade de negócio ligada à sustentabilidade na Heineken. Com braços também em temas de sustentabilidade, a companhia pretende evitar gastos milionários nos próximos anos. Mas vai além: apenas desde 2024, a produtora de bebidas já faturou R$ 265 milhões com negócios de impacto.

 

No último ano, a cervejaria investiu R$ 150 milhões para a criação do que chama de “ecossistema de impacto”. Batizado de Heineken Spin, a área reúne iniciativas que já faziam parte do ecossistema da empresa e projetos novos, todos dentro dos pilares de agricultura regenerativa, circularidade, marcas de impacto e energia renovável.

 

Por enquanto, as marcas são o principal canal de crescimento e faturamento da unidade de negócio. “É mais próximo ao nosso core business como cervejaria, então as marcas trazem um resultado maior”, explica o diretor da Heineken Spin, Rafael Rizzi.

 

O portfólio composto principalmente pela cerveja Praya, pela água enlatada Mamba Water e pelo chá mate gaseificado Baer-Mate entrou no cardápio da Heineken após uma sociedade com a Better Drinks, desenvolvedora de bebidas baseada nos preceitos ambiental, social e governança (ESG, na sigla em inglês).

 

Segundo Rizzi, o negócio com a Better Drinks não se deu como um M&A clássico, pois não houve compra das marcas. “A Better Drinks aporta as marcas e a Heineken aporta todo esse conhecimento de distribuição, de produção, de venda. Com isso a Heineken passou a ser sócia”, explica.

 

Desde que chegaram ao grupo, as bebidas da Better Drinks aumentaram em quatro vezes sua produção, crescimento acompanhado de um salto na distribuição comercial — o que leva em conta canais e pontos de venda — de 10 mil em 2024 para 60 mil em 2025. Parte desse crescimento vem da linha não alcoólica, um segmento estratégico para o setor de bebidas diante de mudanças no comportamento dos consumidores.

 

Mas além dos resultados, a proposta das chamadas “marcas de impacto” é se associar a iniciativas sociais e ambientais. A Mamba Water, por exemplo, é embalada em alumínio, material cuja maior parte do descarte é reciclado, em contrapartida às tradicionais garrafas PET.

 

Além da reciclagem, a marca afirma que, para cada lata vendida, 1L de água potável é doado a comunidades sem acesso por meio de uma parceria com o Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar).

 

Do problema de negócio ao impacto

Todas iniciativas partem da mesma filosofia: a partir de um problema de negócio atrelado a uma necessidade social ou ambiental, melhorar os resultados e depender apenas dele mesmo para gerar impacto, sem necessidade de receita incremental.

 

“É muito limitado encarar os problemas como uma necessidade de investimento, porque no final das contas, o dinheiro é limitado. Então, precisamos achar uma solução que resolva o problema estratégico, também resolva o problema social, ambiental, no qual estamos inseridos e não demande investimento. Pelo contrário: gere dinheiro para a companhia reinvestir nos próprios negócios”, explica Rizzi.

 

Há outro bom exemplo para ilustrar essa lógica. Cerveja é fabricada basicamente com lúpulo, malte e água. E bota água nisso. A Hineken é a segunda maior fabricante de cerveja do país. Para garantir sua recarga hídrica por meio dos aquíferos e prestar uma contrapartida à cidade, a empresa, em parceria com a Rizoma Agro, plantou 200 mil mudas nativas da Mata Atlântica em 142 hectares ao redor da fábrica, aumentando a umidade da região e reduzindo a erosão do solo.

 

De quebra, a Heineken consegue compensar a sua emissão de carbono e, no futuro, vender o excedente da captura em créditos. A estimativa é que R$ 53 milhões em gastos sejam evitados ao longo dos próximos 20 anos e mais R$ 37 sejam gerados em receita.

 

Vale o mesmo no projeto de circularidade do vidro. A Heineken calcula ser a maior vendedora de embalagens de long neck no país. Bom para a o negócio, que vende bastante, ruim para o coletor.

 

Acontece que o vidro é um material de baixo valor agregado e muito difícil de transportar por longas distâncias até as vidreiras, além do risco para o catador. Para se ter ideia, o ciclo do alumínio tem quase 100% de reciclabilidade, enquanto, por obrigação legal, quem coloca vidro na rua só precisa recolher 30% da emissão.

 

A Heineken percebeu que, no final do dia, o tratamento do vidro para reciclagem é muito regionalizado. Então ela inaugurou três hubs de reciclagem em Pernambuco, na Bahia e no Espírito Santo e pretende inaugurar um novo até dezembro em Alagoas. São espaços com capacidade para armazenar grandes quantidades do material, mas espalhados por regiões.

 

Lá o vidro é limpo, tratado e selecionado. Quando se acumula uma boa quantidade, é transportado para a vidreira ou para as fábricas da cervejaria, onde vira mais long necks. “Eu consigo pagar um valor justo para a associação, para o catador, e isso fomenta também um benefício social. É a renda da família dessas pessoas”, diz Rizzi.

 

Em 2024, esses hubs realizaram o processamento de um volume de vidro equivalente a 9,13 milhões de long necks, em parceria com mais de 43 cooperativas de recicláveis. Mais 1 milhão de long necks em captação de vidro deve ser adicionado com a criação do novo espaço.

 

No braço de energia, a cervejaria tem parcerias com a Ultragaz e Raízen Power por 45 mil contratos assinados de energia renovável, gerando uma economia de R$ 23 milhões aos participantes do programa em três anos desde 2021. Um parque eólico no Ceará, inaugurado em 2018, evitou aproximadamente 40 mil toneladas de carbono, com economia média de R$ 6 milhões anuais para o grupo.

 

 

 

 

Foto: Divulgação

Por: Iuri Santos / InfoMoney

 

 

 

 

 

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