BYD começa a montar carros elétricos e híbridos no Brasil com meta ambiciosa

A BYD apresentou os seus primeiros carros testes produzidos no Brasil nesta terça-feira (1º), na fábrica em Camaçari (BA). A operação inicia em formato SKD (semi-desmontado), mas o plano é expandir rapidamente a nacionalização da produção. Para este ano, a expectativa é fabricar 50 mil unidades. Em 2026, o volume deve saltar para 150 mil e, até 2030, chegar a 600 mil carros por ano.

Com investimento de R$ 5,5 bilhões, o complexo ocupa uma área de 4,6 milhões de metros quadrados e é considerado o maior da América do Sul dedicado a veículos elétricos. Mesmo assim, a fábrica ainda não foi oficialmente inaugurada.

A BYD segue no aguardo de autorizações regulatórias, como a licença ambiental e o alvará do Corpo de Bombeiros, para iniciar suas operações. Apesar desse cenário, é esperado que o início da produção ocorra nas próximas semanas.

“Levamos apenas 15 meses entre iniciar as obras e entregar os primeiros veículos em caráter experimental da nossa linha de produção”, disse Stella Li, vice-presidente executiva global e CEO da BYD Américas e Europa.

Carros de teste e os primeiros modelos nacionais

Os primeiros veículos produzidos em solo brasileiro ainda estão em fase de testes, mas, para os executivos da montadora, representam um passo importante rumo à produção comercial. Os modelos BYD Dolphin Mini, Song Pro e King (todos nas versões GL e GS) serão os primeiros a sair da linha de montagem.

O Dolphin Mini, qyue atualmente é o carro elétrico mais vendido no país, foi o destaque da apresentação. Atualmente vendido por R$ 122 mil, deve ter seu preço reduzido para R$ 119 mil com a montagem local. Já o Song Pro, um SUV híbrido, passará de R$ 205 mil para R$ 199 mil.

Segundo Alexandre Baldy, vice-presidente sênior e head comercial da BYD Auto Brasil, a implantação do polo automotivo vai muito além da produção de carros. “Estamos transformando Camaçari em uma potência para o futuro. Esse complexo fabril representa uma vitória da inovação, da sustentabilidade e da confiança no Brasil.”

A expectativa é de que o complexo gere até 20 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos. Apenas nos primeiros meses, aproximadamente mil trabalhadores já foram contratados, e outras 3 mil vagas já foram anunciadas para serem preenchidas até o fim de 2025.

Nacionalização gradual e cadeia de fornecedores

Embora a produção inicial aconteça via regime SKD, a BYD pretende ampliar gradualmente a nacionalização, incluindo soldagem, pintura e estampagem nos próximos anos. O processo de transição para o modelo de montagem segue um cronograma contratual de 12 meses.

Durante esse período, a produção local será realizada no formato SKD. A expectativa é que, a partir de 2026, essa etapa seja superada e a fabricação passe a ser nacionalizada. Além disso empresa também está desenvolvendo um motor híbrido flex (1.5 DM-i), projetado em parceria entre engenheiros brasileiros e chineses para rodar com gasolina e etanol.

Ao todo, mais de 100 empresas brasileiras estão em processo de qualificação como fornecedoras. A primeira homologada foi a Continental Pneus, também sediada em Camaçari, nesta terça-feira. A meta é que até 2027 a cadeia produtiva esteja suficientemente desenvolvida para ampliar o conteúdo local e reduzir os custos com tributação de importados.

Tecnologias de ponta e planos para o futuro

A linha de produção em Camaçari conta com automação inteligente, robôs, controle de ruído e rastreamento em tempo real dos veículos em montagem. Segundo Stella Li, a BYD planeja trazer ao Brasil tecnologias de carregamento ultrarrápido e assistentes autônomos para estacionamento e direção, além de expandir sua rede de concessionárias.

“Estamos empurrando para frente o que pode ser alcançado. Nossa tecnologia pode resolver problemas do dia a dia, como estacionamento em espaços pequenos e recarga ultrarrápida. O Brasil será o primeiro país das Américas a receber nossa nova geração de carregadores”, destacou a executiva.

Retomada para Camaçari

A BYD ocupa parte do terreno da antiga fábrica da Ford, fechada em 2021. “Na época, trabalhadores choraram em desespero. Hoje, celebramos a chegada de uma referência mundial, que devolve o protagonismo à nossa região”, afirmou Luiz Carlos Caetano, prefeito de Camaçari.

O governador do estado, Jerônimo Rodrigues, também celebrou o novo ciclo. “Estamos fazendo história e colocando a Bahia, mais uma vez, no centro das atenções de todo o mundo quando o assunto é transição energética.”

Com operação no Brasil desde 2014, a BYD se tornou líder em vendas de carros elétricos e híbridos por aqui, respondendo por 9 em cada 10 veículos elétricos vendidos no país. Hoje, a empresa conta com 180 concessionárias e pretende chegar a 240 até o fim de 2025.

Foto: Divulgação/BYD

Por: Janize Colaço / InfoMoney