28/11/2025 08:50:00
EM CUIABÁ, CONGRESSO INAUGURA DEBATE SOBRE DEMOCRACIA DIGITAL E ELEIÇÕES DE 2026; ESPECIALISTAS ALERTAM PARA RISCO DE MANIPULAÇÃO ALGORÍTMICA
Foi aberto na noite da última quarta-feira, dia 26 de novembro, a primeira edição do CONFAP – Congresso de Direito da Faculdade Alffa Prime - FAP, posicionando Mato Grosso na rota nacional das discussões sobre tecnologia eleitoral, inteligência artificial e soberania democrática. A cerimônia aconteceu no auditório da Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM) e reuniu magistrados, parlamentares, professores, pesquisadores e estudantes.
De acordo com a organização, o CONFAP busca refletir sobre um novo momento histórico: o eleitor brasileiro que já não transita apenas entre candidatos e partidos — mas entre plataformas, redes sociais, códigos invisíveis e algoritmos que disputam sua atenção em tempo real, ao mesmo tempo, discute os desafios de um sistema eleitoral tensionado pelo avanço tecnológico e pelas novas formas de poder digital.
A programação segue até sexta-feira (28), com debates temáticos, apresentação de artigos científicos e a redação da Carta de Cuiabá, documento que será encaminhado ao TSE, TRE e outras autoridades ligadas à regulação eleitoral e digital.
Debater eleições e tecnologia não é mais uma opção — é uma urgência democrática
O diretor acadêmico da Faculdade Alffa Prime, professor Thiago Fael, abriu a solenidade com uma fala que definiu o tom do congresso. Para ele, a oportunidade de realização de um congresso é o início de um capítulo histórico. 'O voto, que antes vivia apenas nas urnas, agora circula também pelos algoritmos, pelas redes sociais e pela inteligência artificial. Debater direito eleitoral e tecnologia não é apenas um exercício acadêmico — é um compromisso ético e cidadão', afirmou.
Segundo Fael, a Faculdade Alffa Prime deseja formar juristas capazes de interpretar dados, enfrentar a desinformação e lidar com questões que já afetam — silenciosamente — a soberania informacional do eleitor. Segundo ele, o direito eleitoral "não pode mais ignorar a dimensão tecnológica da política".
AMM: "Este é o lugar onde o poder público pulsa — e a democracia precisa ser discutida aqui"
Representando o presidente da Associação Mato-Grossense dos Municípios, José Antônio, Relações Públicas da AMM, declarou que acolher o congresso foi motivo de honra para a instituição: 'Receber este congresso é motivo de orgulho para nós. A democracia é um tema atual, necessário e que precisa ser debatido. Esta casa representa 192 prefeituras de Mato Grosso — e é o espaço natural para o diálogo público. É aqui que a democracia respira', pontuou.
Sua fala reforçou o papel institucional da AMM na promoção de debates sobre políticas públicas, justiça eleitoral e inovação democrática, abrindo espaço para futuras parcerias entre a FAP e poder público.
OAB-MT: "Quando educação e advocacia caminham juntas, a democracia se fortalece"
A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, elogiou a iniciativa da Faculdade Alffa Prime e afirmou que o CONFAP inaugura uma necessária conexão entre Direito, tecnologia e responsabilidade social: "Quando educação e advocacia caminham juntas, a democracia se fortalece. É uma honra para a OAB-MT estar ao lado da Faculdade Alffa Prime neste congresso pioneiro." Gisela ainda defendeu a qualificação dos cursos jurídicos e ressaltou a importância da curricularização da extensão e da formação crítica.
Afirma ter visto no CONFAP "um sinal de coragem institucional e de compromisso com o futuro da educação jurídica".
Formar um jurista hoje é formar alguém que saiba interpretar dados e proteger direitos
A coordenadora do curso de Direito, professora Luciana Zamproni, celebrou o amadurecimento acadêmico da faculdade, que comemora seu primeiro aniversário, no dia 1 de dezembro e destacou que a formação jurídica não pode ignorar as transformações digitais: "Nosso compromisso é formar profissionais completos, críticos e preparados para transformar a sociedade. O Direito hoje exige diálogo com a tecnologia. Formar juristas é também formar leitores de dados, defensores de direitos e construtores de narrativas democráticas", ponderou.
"Não existe democracia sem soberania"
Na acolhida aos participantes, o coordenador de Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, professor Rodolpho Raphael, afirmou que discutir as eleições de 2026 de forma pioneira, em relação as outras instituições é assumir um papel ativo na construção do pensamento crítico nacional. Sua fala foi uma das mais simbólicas da noite: "A democracia vai muito além do voto — é participação popular, diálogo e consciência cidadã. Não existe democracia sem soberania. E a mudança é possível: ela começa na instituição, na escola e dentro de casa." pontuou
Sabóia provoca: "Quem controla o algoritmo — ou pior: quem controla o eleitor?"
No segundo momento da noite, já na conferência de Abertura que tinha como tema "Direito Eleitoral e Democracia Digital: Desafios para as Eleições 2026", o primeiro a fazer uso da palavra foi o desembargador Luiz Sabóia, que alertou para os riscos da manipulação digital e do abuso do poder computacional nas eleições. Ele mencionou os bots eleitorais, as campanhas automatizadas e as microsegmentações psíquicas que influenciam percepções individuais. "Afinal... quem controla o algoritmo? Ou pior: quem controla o eleitor? A democracia pode estar enfrentando o mais silencioso de seus desafios."
Sabóia também defendeu uma cooperação institucional entre Justiça Eleitoral, grandes empresas de tecnologia e comunicação, afirmando que proteger a democracia é uma tarefa coletiva — "não apenas jurídica, mas também ética e informacional". Parte de sua fala deve integrar a Carta de Cuiabá, a ser apresentada no fim do congresso.
Realismo esperançoso
O vereador e Advogado Daniel Monteiro (Republicanos) discutiu a crise da democracia representativa e criticou o discurso de líderes extremistas que prometem soluções fáceis para problemas complexos, bem como, os discursos sedutores de determinados políticos que — assim como Hitler — prometiam soluções imediatas, se apresentando como "salvadores da pátria", tentando seduzir o eleitorado. Mas lembrou que, no fim, "a conta chega" — e muitos se sentem usurpados, enganados e sem voz.
Segundo ele, é difícil compreender o Brasil como um país presidencialista quando convivemos com um sistema jurídico constitucional que cria precedentes e tensiona esse modelo. Em outras palavras, o sistema atual está enfraquecido pois depende da conciliação com o Congresso, da validação com o judiciário e da pressão da opinião pública e da mídia.
Abordou também o enfraquecimento da democracia quando há manipulação e destacou que a economia se tornou um novo parâmetro eleitoral e instrumento de poder como no caso da Hungria, onde interesses econômicos reposicionam o espectro político. Ao final de sua fala, Monteiro também defendeu o artigo 14 da Constituição Federal, ressaltando a urgência de ouvir a população através de plebiscitos e referendos. Lembrou ainda que o Brasil, desde a República, já teve sete Constituições — seis delas pós-1889 — e que a atual é uma das mais completas e convidou a todos os participantes, homens e mulheres de esperança, capazes de esperançar e de construir a mudança.
"A política também é feed – e quem não entender isso, perderá eleições"
Encerrando o painel, o professor Bruno Cintra falou sobre a representatividade feminina e resgatou a evolução das cotas de gênero: 20% em 1995, 30% em 1997, e avanços posteriores nas regras de financiamento e propaganda eleitoral. Para ele, a democracia perde vigor quando exclui informações, corpos e vozes.
"A democracia é mais forte quando as mulheres não apenas participam — mas protagonizam. A política deixou de ser apenas gabinete. Ela também é feed, stories, engajamento e disputa de narrativas."
Continuidade do Congresso
A programação desta quinta-feira (27) busca aprofundar as discussões iniciadas na abertura. O dia incluirá o Painel I – "Cassação Eleitoral e Ações Afirmativas: Justiça ou Contrassenso Democrático?", às 8h30; a palestra "Crimes Eleitorais: mecanismos de prevenção e perspectivas para as Eleições de 2026", às 10h20; e, no período da tarde, as Sessões de GT com apresentação de artigos científicos, das 13h30 às 17h30. À noite, das 19h às 21h30, será realizada a Conferência Magna sobre IA, Fake News e Eleições, dedicada aos caminhos para uma regulação democrática em tempos de desinformação e automação política, com o jurista Carlos Hayashida.
O congresso segue até sexta-feira e deverá concluir seus debates com a Carta de Cuiabá, documento propositivo que poderá servir de referência nacional para o enfrentamento jurídico e institucional dos desafios eleitorais que já se anunciam para 2026. A Faculdade Alffa Prime afirma que seu objetivo não é oferecer respostas prontas, mas lapidar perguntas essenciais para que a democracia brasileira não seja decidida apenas por códigos, dados e telas.
Assessoria.
Leia também
Sexta-Feira, 28 de Novembro de 2025
Quinta-Feira, 27 de Novembro de 2025
Quinta-Feira, 27 de Novembro de 2025
Quarta-Feira, 26 de Novembro de 2025
Quarta-Feira, 26 de Novembro de 2025
Terça-Feira, 25 de Novembro de 2025
Cuiabá
. Umidade do ar:
29 Nov 2025
27ºC / 19ºC
30 Nov 2025
27ºC / 19ºC
As mais lidas
Cultura e Eventos
Governo licita obras para estruturar Gruta da Lagoa Azul em Nobres
28/11/2025 09:40:00
Cultura e Eventos
Beleza da mulher negra é destaque em trabalho escolar de Cuiabá
28/11/2025 09:35:00
Conexão Poder
Wilson Santos destaca reconhecimento com chegada da ApexBrasil a MT
28/11/2025 09:25:00
ENQUETE
EM QUEM VOCÊ VOTARIA PARA SENADOR DE MATO GROSSO 2026 SE AS ELEIÇÕES FOSSE HOJE?
EM QUEM VOCÊ VOTARIA PARA SENADOR DE MATO GROSSO 2026 SE AS ELEIÇÕES FOSSE HOJE?
Voto registrado com sucesso!
Ver resultados



