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05/12/2025 08:33:00

Mercado Pago quer tirar cliente da poupança, da conta que não rende e da anuidade

O foco da empresa é oferecer uma opção mais vantajosa do que os bancos tradicionais – e de maneira mais ágil do que as fintechs concorrentes

O Mercado Pago não quer ser mais um banco, mas sim uma plataforma única que combina serviços financeiros com benefícios tangíveis para usuários que hoje são clientes de instituições que oferecem vantagens inferiores. Essa foi a mensagem que André Chaves, vice-presidente sênior do Mercado Pago no Brasil, e Pethra Ferraz, vice-presidente de Marketing do Mercado Pago América Latina, compartilharam em entrevista exclusiva ao InfoMoney.

Chaves explica que o foco é oferecer uma opção mais vantajosa do que os bancos tradicionais – e de maneira mais ágil do que as concorrentes.

“Nosso objetivo é ser mais rápido que as outras fintechs para tirar as pessoas de conta que não rende, de investimento na poupança, de cartão com anuidade. Tem um pedaço muito grande no mercado – de 60% a 70%, dependendo da vertical. Estamos falando de trilhões de reais, literalmente, que estão em instituições e produtos com uma proposta de valor muito inferior à nossa”, afirma.

É sabido que o Mercado Pago tem como objetivo ser o maior banco digital da América Latina, o que obriga o banco a correr atrás a da principalidade dos clientes do ecossistema Mercado Livre e de fora dele.

E, na avaliação de Pethra Ferraz, os esforços nesse sentido já estão sendo colhidos. “Temos o melhor indicador de satisfação (NPS) entre as fintechs brasileiras e isso se reflete nos indicadores. O índice de principalidade do Mercado Pago cresceu 11 pontos percentuais no último ano”. A empresa não quis abrir mais detalhes sobre o dado.

Bem-nascido

Para Ferraz, o grande diferencial do Mercado Pago está no ecossistema único que combina varejo e serviços financeiros dentro da mesma empresa. “Por ter varejista e um banco dentro de uma mesma empresa, a gente consegue, em parceria, oferecer condições comerciais que nenhum outro player consegue, como parcelamentos de até 24 vezes e descontos de até 60% pagando com saldo em conta”, exemplifica.

Além do banco digital, a fintech atua em três frentes de processamento de pagamentos online e adquirência, o que amplia sua complexidade e diferenciação no mercado.

A instituição, que foi fundada em 2004 para pagamentos dentro do Mercado Livre, mas só passou a funcionar como um banco 2009, conta com mais de 72 milhões de usuários e uma carteira de crédito superior a US$ 11 bilhões na América Latina.

Motivos da inadimplência alta

Sobre a inadimplência, que no Mercado Pago é mais alta que a média do mercado – cerca de 7% considerando o curto prazo (15 a 90 dias) contra 2% ou 3% em bancos tradicionais – André explica que o fenômeno está relacionado à característica dos empréstimos de curto prazo do negócio, geralmente de 3 a 4 meses. “Enquanto bancos tradicionais têm empréstimos de longo prazo, como imobiliários de 30 anos, nosso indicador tende a ser mais alto por essa natureza de concentrar os atrasos”, esclarece.

Ainda assim, o executivo defende a precisão dos modelos de crédito do Mercado Pago, que permitem decidir a quem emprestar e a que preço, garantindo um spread e retorno sobre capital saudáveis. “Estamos confortáveis com os níveis atuais e focamos no spread total da carteira, que é o KPI principal para nós”, afirma.

Além disso, a integração com o ecossistema do Mercado Livre ajuda na gestão da inadimplência, pois os clientes valorizam os benefícios exclusivos e tendem a evitar atrasos para manter o acesso a vantagens como parcelamentos longos e cashback.

A reportagem acompanhou, nesta sexta (28), a operação de Black Friday do Mercado Livre, controlador do Mercado Pago, diretamente do seu centro de distribuição em Cajamar, São Paulo.

Foto: Divulgação

Por: Maria Luiza Dourado / InfoMoney