15/04/2024 09:15:00

Da engenharia dos carros de produção em série aos projetos de motores para a Equipe Nissan de Fórmula E

Conheça o Engenheiro-Chefe de Motores da Equipe Nissan de Fórmula E, Tadashi Ishikawa

Da engenharia dos carros de produção em série aos projetos de motores para a Equipe Nissan de Fórmula E - Notícias - Mato Grosso digital
YOKOHAMA, Japão – Desde que foi transferido do departamento global de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Nissan para a Europa, há três anos, Tadashi Nishikawa tornou-se um membro fundamental da Equipe Nissan de Fórmula E ao supervisionar o desenvolvimento do motor utilizado pelos bólidos. O "Tad" é uma peça-chave no elo entre as atividades de competição e de produção em série da Nissan, facilitando a transferência de tecnologias entre a Europa e o Japão. Depois do primeiríssimo E-Prix de Tóquio realizado este mês, conversamos com o principal elo ente a Equipe Nissan de Fórmula E e a matriz da Nissan.
 
 
Fale sobre a sua experiência e sua função atual na Equipe Nissan de Fórmula E
A Nissan tem sido parte da minha vida há 20 anos, desde que entrei para a empresa, em 2004. Antes de passar para o lado da Fórmula E, eu era responsável pelo desenvolvimento de carros de passeio no Japão, trabalhando em modelos como Skyline, Fairlady Z e LEAF. Fui responsável pela área de transmissões e todos os componentes relacionados para a totalidade da linha de modelos da marca. Em 2021, mudei para o projeto da Equipe Nissan de Fórmula E para assumir minha atual posição de Engenheiro-Chefe de Motores. Minha função principal é coordenar as especificações do grupo motopropulsor e estudar as melhores formas de otimizar o carro. Eu não projeto componentes específicos, mas supervisiono e sou responsável pelo projeto como um todo.
 
 
Como aconteceu sua mudança dos carros de produção em série para o automobilismo esportivo?
Antes, eu era engenheiro na área de transmissões e meu gerente pensou em mim para assumir minha posição atual na Fórmula E graças à possibilidade de transferir minhas competências. Eu sabia que seria um desafio, mas foi muito bacana ter esta oportunidade – eu me sentia pronto e motivado e já tinha trabalhado com engenheiros de outros países anteriormente.
 
 
Você trabalha junto com a área de P&D da Nissan R&D no Japão?
Eu falo regularmente com a equipe global no Japão. Às vezes fazemos reuniões de ideias com engenheiros do Centro Global de Tecnologia da Nissan sobre tecnologias futuras e trocamos ideias. Tenho a função de unir as filosofias dos dois lados, ajudando a desenvolver tanto as atividades da Fórmula E como dos carros de passeio, melhorando nossas entregas como um todo.
 
 
Fale sobre os desafios inerentes à sua função
Obter um equilíbrio entre a performance de cada componente ainda é um grande desafio. Nas equipes de desenvolvimento, às vezes, cada engenheiro trabalha exclusivamente em sua própria tarefa. O resultado são cenários em que cada um otimiza um componente específico, podendo levar a problemas em outras áreas, normalmente entre o motor elétrico, o inversor e a transmissão. A dificuldade é assegurar que os engenheiros trabalhem colaborativamente como uma única unidade, para melhorar o carro todo e não um componente específico. Eles têm orgulho do trabalho que fazem, o que pode ser um desafio para convencê-los a mudar de direção se sentirmos que será melhor para o projeto como um todo!
 
 
Que diferença chamou mais sua atenção quando você mudou da produção de carros direcionada aos consumidores para os carros de Fórmula E?
Na indústria automotiva, é normal fazer pesquisas com outros carros do mercado. Já no automobilismo esportivo você nunca sabe exatamente o que os seus rivais estão fazendo, pois não é possível ver os projetos de desenvolvimento deles de perto. O único momento em que isso é possível é quando os engenheiros mudam de uma equipe para a outra, mas, mesmo assim, eles não podem falar muito porque todas as informações são confidenciais!
 
 
Como as atividades da Equipe Nissan de Fórmula E e dos carros de produção em série da Nissan podem se beneficiar mutuamente?
Há menos benefícios diretos dos carros de produção em série para a Fórmula E, pois os requisitos tecnológicos para cada um são bem diferentes. Mas nós aproveitamos o conhecimento do departamento de P&D no Japão e aplicamos a lógica de trabalho deles nos nossos projetos, utilizando alguns métodos de projetos de componentes menores. Não chega a ser uma transferência direta, mas acreditamos que nossa experiência com outros projetos da Nissan tem um grande impacto em nosso desenvolvimento na Fórmula E. Já do lado das competições, usamos a tecnologia em sua forma mais avançada. As preocupações com custos, ou NVH (ruído, vibração e aspereza), são menores. Em termos de eficiência e densidade da potência, a Fórmula E atua em um nível muito mais alto em comparação com os carros de produção em série. Por isso, podemos ver o que é possível apenas nos concentrando na performance, para depois pensar em como adaptar isso para os carros de passeio, mantendo níveis mais baixos de custos e NVH. Para nós, isso é uma vantagem em comparação com outras montadoras de automóveis que não estão na Fórmula E.
 
Podemos entender os limites da nossa tecnologia, indo cada vez mais além e acumulando experiência que nos ajuda a otimizar os carros de produção em série.
 
 
Quando você entrou para a Equipe Nissan de Fórmula E, a que ponto a experiência em seu trabalho anterior com os veículos elétricos ajudou no desenvolvimento da sua nova função?
Eu já tinha uma boa base e conhecimentos de engenharia, mas ainda tínhamos muito que aprender. Certamente a minha experiência anterior foi útil, mas antes de entrar para a equipe eu não tinha projetado nenhum componente elétrico antes. Por isso, quando mudei de área, tive que aprender a filosofia por trás do projeto de cada componente. Eu fazia parte de projetos de desenvolvimento colaborativo no Japão, do Skyline por exemplo, e isso me deu as competências relacionais necessárias, como saber trabalhar em equipe e gestão de conflitos de ideias, assim como adotar a mentalidade que o desempenho de um único elemento não é tão relevante quando consideramos o produto como um todo.
 
 
Quais são as principais diferenças entre o projeto de motorização de um carro de produção em série e um carro de competição?
Os custos! Com certeza são os custos e também o NVH. Eu já tinha projetado componentes de transmissão final antes, então, eu sei que precisamos fazer concessões quando desenvolvemos um componente com um bom NVH, eficiência ou peso. Nos carros de passeio, isso tem um papel fundamental na equação. Mas na Fórmula E, o NVH não tem um papel tão importante quando projetamos o motor. É impressionante como a eficiência aumenta quando você ignora o NVH. Fiquei impressionado com estas diferenças logo que entrei para a equipe!
 
 
Existem grandes diferenças entre os grupos motopropulsores de cada construtor na Fórmula E?
Na Temporada 9 sempre percebíamos a diferença entre os motores no grid em termos de eficiência e performance global. Entretanto, não estamos vendo muita diferença neste ano. Os quatro melhores construtores estão bem parelhos. Estes desenvolvimentos são encorajadores, pois estamos notando os impactos positivos das atualizações de software que realizamos na Temporada 10. O carro fica melhor como resultado de uma melhor gestão da energia e isso ajuda muito os pilotos, reduzindo as diferenças em relação às outras equipes.
 
 
Sobre a Nissan na Fórmula E
A Nissan estreou no Campeonato Mundial ABB FIA de Fórmula E na Temporada 5 (2018/2019), tornando-se a primeira e única montadora japonesa a participar da categoria 100% elétrica.
 
Na Temporada 7 (2020/2021), a Nissan anunciou seu compromisso de longo prazo com a Fórmula E e com a era dos carros de Geração 3 (Gen3), que vai da Temporada 9 (2022/2023) até o final da Temporada 12 (2025/2026) da categoria de corridas 100% elétricas.
 
Com a aquisição da escuderia e.dams pela Nissan em abril de 2022, a montadora japonesa assumiu o controle total de sua participação no Campeonato Mundial ABB FIA de Fórmula E.
 
Em junho de 2022, a Nissan anunciou que vai fornecer sua tecnologia de motorização elétrica para a McLaren Racing durante toda a era da Gen3 na Fórmula E. Oliver Rowland e Sacha Fenestraz formam o line-up de pilotos da Equipe Nissan de Fórmula E na Temporada 10 do Campeonato Mundial ABB FIA de Fórmula E.
 
A Nissan está competindo na Fórmula E para levar a emoção e a diversão dos veículos elétricos de emissão zero a uma plateia global. Como parte de sua meta de atingir a neutralidade de carbono em todas suas operações e no ciclo de vida de seus produtos até 2050, a Nissan pretende eletrificar todos os novos veículos comercializados até o início da década de 2030, nos principais mercados. A montadora japonesa pretende usar sua expertise na transferência de know-how e tecnologia entre as pistas e as ruas, para oferecer veículos elétricos ainda melhores aos seus clientes.
 
 
Saiba mais
 
 
Sobre a Fórmula E
Desde que foi criado, em 2020, o Campeonato Mundial ABB FIA de Fórmula E foi o primeiro esporte global a ser certificado com uma pegada líquida de carbono zero, com investimentos em projetos certificados de proteção do clima em todos os países que sediam suas corridas elétricas, para compensar as emissões de cada temporada.
 
Todos os carros no campeonato são movidos a eletricidade, fazendo da categoria uma plataforma competitiva para testar e desenvolver as últimas tecnologias de motorização elétrica.
 
Os maiores construtores do planeta competem entre si em circuitos de rua e a Fórmula E promove a adoção da mobilidade sustentável nos centros urbanos, apostando no combate à poluição atmosférica e na diminuição dos efeitos das mudanças climáticas.
 
 
 
 
 

 

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