23/10/2024 08:20:00

Indústria do Brasil sobe 30 posições em ranking de produção com 116 países

Levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e da Unido diz que Brasil saiu da 70ª colocação para a 40ª posição da lista; queda de juros ampliou crédito para consumo de bens duráveis

Indústria do Brasil sobe 30 posições em ranking de produção com 116 países - Notícias - Mato Grosso digital

A indústria de transformação brasileira voltou a melhorar sua posição no ranking mundial de crescimento da produção, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A produção industrial da transformação cresceu 2,9% no segundo trimestre de 2024 ante o mesmo período do ano anterior.

 

O desempenho alçou o Brasil à 40ª posição em um ranking de 116 países com informações divulgadas pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (United Nations Industrial Development Organization, a Unido), segundo o estudo obtido com exclusividade pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

 

Um ano antes, a indústria de transformação brasileira amargava a 70ª colocação, ou seja, o País avançou 30 posições no ranking.

 

Segundo Rafael Cagnin, economista chefe do Iedi, parte do dinamismo visto na indústria de transformação brasileira em 2024 é produzido por um impacto defasado do último ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic, que facilitou o acesso ao crédito para consumo de bens duráveis – essa defasagem na atividade costuma ser de alguns meses.

 

O ciclo de queda da Selic se iniciou em agosto de 2023, ao recuar de 13,75% para 13,25%, e terminou em maio passado, ao estacionar em 10,50%, antes de subir a 10,75% em setembro (já fora do período pesquisado).

 

Cagnin explicou que é justamente essa indústria de bens duráveis que vem puxando o dinamismo industrial brasileiro neste ano. “Tem também outros fatores: ganho de melhores empregos no Brasil, ganho de rendimento real por causa disso, uma acomodação no processo inflacionário, programas públicos importantes como reajuste do salário mínimo e ampliação do Bolsa Família, e os fatores pontuais também como pagamento de precatórios antecipados que favorecem porque injetam condições demanda na economia”, detalhou.

 

Além disso, ele lembrou que houve sinalizações de políticas mais estruturantes, como um retorno de financiamentos de longo prazo para investimentos do BNDES, e outras pontuais, como o programa de redução de impostos para veículos.

 

O Iedi ressalta que, no segundo trimestre, o Brasil mostrou melhor posição no ranking do que outros países latino-americanos “de destaque”, como Chile (-0,6%, figurando na 71ª posição), México (-1%, em 75º lugar), Colômbia (-3%, em 95º) e Argentina (-17,1%, em 115º lugar).

 

Já a produção industrial argentina só não foi pior que o desempenho da Palestina, que amargou uma perda de 28,5% em meio aos bombardeios de Israel.

 

O resultado positivo do Brasil também superou o de países como os Estados Unidos (-0,1%), Reino Unido (-0,5%), França (-1,5%), Japão (-2,9%) e Itália (-2,9%). Nas primeiras posições da lista figuraram Trinidad e Tobago (82,9%), Armênia (42,3%), Ruanda (21,5%), Kuwait (16,6%) e Taiwan (15,0%).

 

A indústria de transformação deve contribuir positivamente para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024, previu Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

 

Nos 12 meses encerrados em agosto, o PIB crescia 2,8%, com ajuda de uma alta de 1,9% acumulada pela indústria de transformação no período, segundo dados do Monitor do PIB da FGV.

 

Segundo ele, está havendo essa demanda por bens industriais, um consumo de bens duráveis, graças à redução da taxa de juros. “Há um aumento de renda, através de transferências do governo e da ampliação do emprego. O consumidor tem mais possibilidade de tomar crédito para a compra desses bens duráveis. O consumo de bens não duráveis se mantém”, disse.

 

O estudo do Iedi mostra que a indústria de transformação brasileira teve expansão semelhante à média mundial em diferentes comparações.

 

No segundo trimestre de 2024 ante o segundo trimestre de 2023, a produção do Brasil cresceu 2,9%, ante uma alta de 2,5% do total mundial. Na comparação com ajuste sazonal, a indústria de transformação brasileira aumentou sua produção em 0,9% no segundo trimestre de 2024 ante o primeiro trimestre de 2023, enquanto a média global foi de expansão de 1% no período.

 

No acumulado do primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo semestre do ano anterior, a indústria de transformação brasileira cresceu 2,3%, ante uma elevação de 2,0% no total mundial.

 

Juro acede sinal de alerta

Rafael Cagnin lembrou que o crescimento da indústria de transformação tende a gerar uma dinâmica positiva de encadeamento interno de vários setores. No entanto, o novo ciclo de alta na taxa básica de juros iniciado em setembro pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central acende um sinal de alerta.

 

Ao mesmo tempo, a imposição de barreiras comerciais por Estados Unidos e Europa no comércio com a China tende a aumentar a concorrência de produtos brasileiros com manufaturados chineses no mercado doméstico e internacional, acrescentou.

 

“Por ora, é uma luz amarela”, avaliou Cagnin. “O ano de 2024 será positivo”, acrescentou.

 

 

 

 

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Por: Estadão Conteúdo/InfoMoney

 

 

 

 

 

 

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