02/12/2025 18:12:00

CEO da SAF do Vasco defende recuperação judicial e cita próximos passos

Carlos Amodeu detalha situação financeira do Cruz-Maltino após aprovação da medida

CEO da SAF do Vasco defende recuperação judicial e cita próximos passos - Notícias - Mato Grosso digital

CEO da SAF do Vasco, Carlos Amodeo afirmou que a recuperação judicial foi "medida de sobrevivência" para o clube após a constatação de um rombo financeiro crescente e sem perspectiva de cobertura. Durante o evento Conexão Governança – Capítulo Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) nesta terça-feira (2), o executivo defendeu a decisão e detalhou os próximos passos.

 

Amodeo relatou que, ao assumir a administração, a equipe executiva encontrou um cenário crítico e dívidas em atraso acumuladas ao longo de dois anos.

 

— Nós nos deparamos com uma situação bastante crítica do ponto de vista econômico-financeiro do Vasco. Nos deparamos com cerca de 200 milhões de reais em aquisições de atletas, luvas de atletas e compromissos com agentes que foram realizados de setembro de 2022 até maio de 2024, que já estavam vencidos e não pagos. Ou seja, nós tínhamos 200 milhões de reais em inadimplência — iniciou o CEO da SAF cruz-maltina.

 

Segundo ele, o problema não se limitava às dívidas já vencidas. O orçamento de 2025 previa a entrada de um aporte de R$ 330 milhões em setembro daquele ano por parte da 777 partners, mas não havia qualquer garantia de que esse valor seria efetivamente disponibilizado. Isso agravava a perspectiva de curto prazo e deixava evidente a necessidade de reorganização estrutural.

 

— Mais do que isso, nós tínhamos um orçamento para o ano de 2025 que previa um aporte de capital de 330 milhões de reais em setembro de 2025. Aporte esse que jamais aconteceria, como de fato não aconteceu. Então, nós tínhamos um problema de curtíssimo prazo de meio bilhão de reais — detalhou.

 

Diante desse quadro, a SAF do Vasco contratou a consultoria Alvarez & Marsal para mapear a situação financeira do clube. O estudo entregue em setembro de 2024 apontou déficits crescentes e incapacidade de honrar compromissos futuros caso nenhuma medida estrutural fosse tomada.

 

— Recebemos, em setembro de 2024, um estudo que apontava um déficit de caixa de 120 milhões de reais naquele ano. No final de 2025, onde nós nos encontramos, temos de 350 a 400 milhões de déficit de caixa, chegando aos extraordinários 800 a 900 milhões de reais de déficit de caixa em 2028 e 2029. Ou seja, aquele estudo apontava que, praticamente, o Vasco estava inviabilizado do ponto de vista econômico e financeiro.

 

Amodeo explicou que, com o diagnóstico em mãos, a SAF do Vasco avaliou diferentes alternativas de reestruturação, incluindo renegociações individuais, novos aportes e reorganizações administrativas. Nenhuma delas, no entanto, seria suficiente para equilibrar o fluxo de caixa no curto e no médio prazo. Por isso, a recuperação judicial foi considerada a única ferramenta capaz de impedir o agravamento da crise.

 

— A fase 2 do trabalho foi uma fase de estudar todas as diferentes alternativas de implementação de uma reestruturação aguda do ponto de vista financeiro. Estudamos todas as diferentes alternativas e não encontramos outra que não a recuperação judicial.

 

O executivo reforçou que, diferentemente de outros casos no futebol, em que a recuperação é usada para reduzir dívidas, no Vasco a medida foi necessária para evitar insolvência. Ele enfatizou os riscos legais e pessoais assumidos pelos administradores durante esse processo.

 

— A recuperação judicial, por mais que muitas vezes ela seja utilizada como uma plataforma estratégica de gestão para reduzir o montante das dívidas, no caso do Vasco ela era uma estratégia de gestão para a sobrevivência. (…) Nós, executivos, empenhamos os nossos bens pessoais nas obrigações que a gente assume no dia a dia.

 

Antes de iniciar o processo judicial, a SAF cruz-maltina estruturou uma mediação com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para organizar o passivo e negociar com credores trabalhistas, considerados essenciais para a aprovação do plano. Isso permitiu que a recuperação judicial fosse protocolada com parte significativa dos votos já alinhada.

 

— Quando a gente inicia o processo de recuperação judicial em fevereiro de 2025, nós já tínhamos previamente organizado e já tínhamos o voto favorável da maioria dos credores da Classe 1, os trabalhadores.

 

Durante todo o ano, o clube manteve negociações com credores das demais classes, priorizando o alongamento do prazo de pagamento sem deságio significativo. A estratégia buscou manter a confiança de quem tinha valores a receber e evitar litígios que atrasassem o processo.

 

— Passamos o ano de 2025 em intensas negociações com os nossos diferentes credores, onde nós também procuramos inovar. Ao invés de nós trabalharmos fundamentalmente em achatar preço, ou seja, muito desagiar dívida e alongar muito o prazo, a gente trabalhou muito no alongamento do prazo com a preservação do valor original das dívidas. (…) No mês de outubro, nós tivemos a aprovação da recuperação judicial do Vasco por 98% dos credores, que votaram favoravelmente a essa recuperação.

 

Agora, segundo Amodeo, o Vasco aguarda a homologação judicial definitiva, etapa final antes da execução plena do plano aprovado. Ele afirmou que a reorganização do passivo recoloca o clube em posição mais favorável para atrair investimentos e retomar protagonismo esportivo nos próximos anos.

 

— Com isso, a gente encerra essa etapa de reestruturação aguda no clube e passa a olhar para o horizonte do clube com as suas dívidas organizadas, com o fluxo de pagamento das dívidas organizado. (…) Isso torna o Vasco um ativo altamente atrativo para que novos investidores possam, então, olhar para o clube, fazer um investimento e torná-lo sustentável a longo prazo, fazer com que o Vasco retorne com o protagonismo esportivo que foi presente durante muitos anos no passado e que deixou de ser em virtude de sucessivas más gestões — concluiu.

 

 

 

Foto: Dikran Sahagian/Vasco

Por: Mauricio Luz / Lance!

 

 

 

 

 

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